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Serpro lança inteligência artificial do governo

O ConversAI está em teste no IBGE e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e já pode ser acessado por outros órgãos, inclusive de estados e municípios. A estatal garante que a inteligência artificial generativa do setor público é segura

 

A empresa pública de tecnologia Serpro vai lançar uma inteligência artificial semelhante ao Chat GPT para órgãos públicos. O ConversAI studio ainda não foi lançado oficialmente, mas já está sendo testado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e já pode ser usado por órgãos interessados.

O intuito da IA, segundo a empresa, é democratizar o uso de inteligência artificial generativa dentro do governo, permitindo que qualquer órgão da administração pública federal, estadual ou municipal utilize modelos de linguagem avançados (LLMs) para consultar informações, obter respostas e gerar conhecimento a partir de suas próprias bases.

O ConversAI Studio é uma solução desenvolvida pelo Serpro que permite que órgãos públicos “conversem” com suas próprias bases de conhecimento ou com modelos fundacionais de inteligência artificial, com total segurança, soberania e controle dos dados. “É, de forma simples, um Chat GPT para chamar de seu, projetado para o setor público e executado integralmente na infraestrutura do Serpro”, explicou o gerente do Centro de Excelência em Ciência de Dados e Inteligência Artificial da estatal, Carlos Rodrigo Fonseca.

Ele ressaltou que todos os modelos de IA utilizados são hospedados e executados dentro da infraestrutura do Serpro, garantindo que nenhum dado saia do ambiente interno da empresa. De acordo com o gerente, isso assegura soberania digital, confidencialidade e conformidade com as diretrizes de proteção de dados do governo federal.

Os custos da nova inteligência artificial vieram de recursos já utilizados no Serpro, o que gerou baixos custos adicionais, segundo a empresa pública.

Manuela Silva, advogada e membro da Comissão Especial de Tecnologia e Inovação da OAB-SP, acredita vê na criação do ConversAI studio um passo importante para modernizar o serviço público. Na avaliação dela, a tecnologia pode tornar o atendimento ao cidadão mais rápido e eficiente, reduzindo prazos e facilitando o acesso à informação. “O Brasil, com essa iniciativa, assume um papel de vanguarda e pode se tornar referência positiva no uso ético e responsável da inteligência artificial no setor público. Já temos outros exemplos de sucesso: STJ e TCU”, argumentou.

“É importante lembrar que, na prática, muitos servidores e colaboradores já utilizam ferramentas de IA generativa no trabalho. Por isso, é mais seguro que esse uso aconteça em um ambiente controlado, com regras claras e proteção adequada, do que em plataformas externas sem supervisão. Assim, a administração pública protege melhor os dados pessoais, sensíveis ou sigilosos”, completou.

Linguagem natural

Carlos Rodrigo deu alguns exemplos práticos do uso da nova tecnologia por um órgão que detém uma grande base de conhecimento, como manuais, normativos ou documentos técnicos, que é constantemente atualizada. “O ConversAI Studio permite agendar sincronizações automáticas dessa base, de forma que os servidores possam consultar, em linguagem natural, qualquer informação contida nesses documentos, com total segurança e agilidade. Isso transforma o acesso ao conhecimento institucional e acelera a tomada de decisão pública”, explicou.

Para a advogada Manuela Silva, a fase de testes é muito importante, pois, a partir dessa etapa, já é possível identificar falhas e aperfeiçoar o programa. Ela também enfatizou que, mesmo em uso, o Chat GPT do governo (como costuma ser chamado) deve continuar em acompanhamento para solucionar possíveis erros e garantir a segurança dos dados. “A governança precisa ser levada a sério com normas internas bem definidas, treinamento constante, análise e mitigação de riscos, validação humana e auditorias periódicas, por exemplo”, disse ela.

“É importante destacar que o tema da inteligência artificial está no centro dos debates regulatórios no Brasil e no mundo. Temos algumas leis e diretrizes sobre o assunto aprovadas. O grande desafio agora é acompanhar essas evoluções e ajustar as práticas de forma responsável, sempre respeitando a legislação e as boas práticas de governança e ética digital”, completou.

O ConversAI studio já está disponível. Os órgãos interessados podem solicitar acesso e iniciar projetos-piloto ou implantações personalizadas conforme suas necessidades.

*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria